Friday, January 19, 2007

Breath

A cumplicidade do silêncio afaga minha respiração excitante que anseia pelo próximo momento, sem saber, que será também, um momento silencioso como todos os que o anteviram e como serão os que o sucederem. A respiração cessa. Continua. Cessa. E eu sei que não estou sozinha, descompassada na vida.
Há um ritmo, uma festa – e a respiração dança ofegante emitindo os anseios das palavras não ditas e dos movimentos não feitos. Alegra a minha inércia, me ativa. Ativa as idéias, e quem diria, que eu as tenho, se me visse assim tão inerte?
É que não sabem que a minha respiração é toda alegre e comunicativa – serelepe, corre festiva pelas minhas narinas e explode mundo afora!

As palavras mudas, as letras disformes e as retinas opacas- todas- a invejam. Nada tem mais vida! O ar entra e saí num espetáculo tímido – manifestação que nenhuma parte do que me faz inteira pode participar - e que apesar de tímido, atraí toda a minha atenção e não é aquela atenção que se dá aos tímidos, é a atenção boquiaberta e desarmada que suplica pela continuidade do espetáculo sem saber que ele é constante.
Há uma morbidez crônica em estar sempre viva, exposta a violência dos dias que se enrolam e me puxam pelos cabelos, enquanto me prostro munida de sensações paralíticas que não dizem, não vêem, não ouvem e nem sentem nada – é uma vida intragável que só sabe tragar!
E ao tragar, ela vive, desesperadamente. Põe-se de frente a pilha de minutos empilhados ao acaso e derruba mais um, sem saber que a manifestação já é hábito e o momento é crônico, vive-o como se fosse um último instante.
E que vivacidade fugaz! Dissipa-se no ar, enquanto brota de novo no estômago – é onipresente. Debate-se aqui dentro, entope a caixa torácica e expira! É mais um momento e eu inspiro – o ciclo ensandecido recomeça.





[ps: não posso esquecer de reescrever! hehe é que não postar nada aqui me dá uma sensação de vazio.]

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