Tuesday, December 26, 2006

Recomendadissímo!




O filme tem um toque trágico e cômico (como qualquer mulher!) e situações inusitadas,dramáticas e ainda assim,engraçadas.
A estória toda é uma repetição de estórias nas quais os homens sempre são filhos-da-puta e as mulheres têm graça,são batalhadoras e resolvem as desgraças. Nada tão simples,claro!

Tuesday, December 19, 2006


A verdade é que a verdade não é pura. É puta.
Atribuí-se a ela valores imensuráveis e a gente usa por aí, sem medidas.
Quem se importa se a verdade arruinou uma vida? É a verdade,oras!
Sempre a verdade,destruindo lares, constrangendo pessoas,envergonhando quem quer seja,sem vergonha nenhuma. Disse a verdade e já escusa-se!
E quem a diz? É nobre,é íntegro,é pessoa direita.
A gente respeita,venera,passa a tarde contando o caso da honestidade. Porquê a verdade, a verdade é honesta! Aplausos.
Ninguém nem cogita, se ela precisa mesmo ser dita. É só ter uma verdade que todo o mundo já a quer dizer!
Verdades sobre si,sobre ele,sobre o causo da vizinha,mas verdadeiras mesmo,são as verdades da vida alheia. E que fatos verídicos! Custam, até, tardes inteiras!





[ps: estas vírgulas me deixam muito,muito,muito,muito nóia!]

Monday, December 11, 2006


Os dentes de potranca rasgavam a gengiva estropiada pela idade, pelo cigarro e pelas palavras de desprezo.
Somavam na boca fétida não mais do que a metade. O resto caiu, ela dizia: ‘’Por aí, eu nem sei, filha.’’
E lá vinha a boca fétida a me beijar nas bochechas e a sugar qualquer energia que eu, por ventura, ainda tinha.
As unhas quebradas e mal pintadas, cortadas em recortes assimétricos, acumulavam-se sobre a pele dos dedos e nem a cutícula crescia mais. É que nada nela tinha vida, mas ela insistia.
Acendia um cigarro de manhã e acordava. Dormia fumando outro e persistia a cada página desgraçada do seu romance barato de banca de jornal.
Os seus amplexos demorados sufocavam meus anseios no cheiro de tabaco e de vida mal-tragada, mas eu ainda a amava.
A cada ruga rabiscada no seu rosto enjoativo de tantas horas, eu conheci a apatia.
Pela vida, pela família, a auto-apatia das mamães por elas mesmas.
Quando ficávamos a sós, o ar empobrecia de falta de graça.
Os diálogos onomatopéicos e o desfecho das nossas vidas estampados na face apática que lambia outro cigarro.
Mamãe não sentia mais dor, nem desespero. Assistia um filme, fumava um cigarro, engolia um chocolate e ia ao bingo.
Os olhos verdes elegantes e o cabelo preto a escorrer na pele alva estavam, agora, todos opacos.
Os olhos fatigados, nem se notava mais que eram verdes e o cabelo preto, ficou branco, depois, metade amarelo e atualmente, a raiz não quer mais saber de ser bonita e o cabelo fica como pode. Preso na cabeça e só.
As roupas emprestadas das filhas são desajustadas e nem se nota mais a cintura de moça e as pernas das mini-saias,veste sempre a mesma blusa esburacada,mas só para não ficar nua com a sua alma crua.
E continua vivendo, teimando naquela mania boba da classe média de acreditar que suicídio é pecado.